Quem tem um cachorro adolescente em casa sabe como essa fase pode ser desafiadora. O pet que antes obedecia com facilidade agora parece ter esquecido tudo, não atende quando é chamado, começa a testar limites e até a provocar outros cães.
Assim como os humanos, os cães passam por diferentes fases de desenvolvimento. A boa notícia é que isso é normal e dá para lidar com os desafios de forma mais tranquila. Saber o que esperar em cada etapa ajuda muito na hora de educar e evitar problemas de convivência. Confira mais sobre o assunto.
Embora a palavra “filhote” seja frequentemente usada para qualquer cachorro jovem, do ponto de vista do desenvolvimento, um cão deixa de ser considerado filhote quando atinge a maturidade física e comportamental. E isso varia bastante de acordo com o porte.
Raças pequenas costumam atingir a fase adulta mais cedo, por volta de um ano de idade. Já cães de grande porte, como Rottweiler e Dogue Alemão, podem levar até três anos para completar seu desenvolvimento. Nesses casos, o crescimento em altura pode parar antes, mas o ganho de massa muscular e o amadurecimento ósseo continuam acontecendo por um bom tempo.
Antes de se tornarem adultos, os cães também passam por uma fase de adolescência. É quando os hormônios começam a se manifestar e o comportamento muda bastante. As fêmeas entram no cio, enquanto os machos começam a demonstrar interesse sexual e, muitas vezes, ficam mais desafiadores.
Essa fase intermediária entre a infância e a vida adulta pode ser bem intensa. O cachorro começa a testar seus tutores, desafiar comandos e explorar o mundo com muito mais independência. Às vezes, o tutor tem a sensação de que o cão esqueceu tudo o que aprendeu até então, mas, na verdade, ele está testando os limites e decidindo se vale ou não a pena obedecer.
É comum, por exemplo, que o cão simplesmente pare de responder a comandos que antes executava com facilidade. Isso não significa que ele desaprendeu e, sim, que está mais interessado em outras coisas, como cheirar o ambiente, brincar ou prestar atenção em outros cães. Alguns começam até a se comportar de forma que pode ser interpretada como mais “atrevida”, como levantar a pata para fazer xixi em locais inusitados ou desafiar outros cães.
Esse comportamento tem origem instintiva. Na natureza, é nesse período que os jovens deixam de depender totalmente do grupo e começam a disputar espaço, a explorar mais e a desenvolver sua autonomia. Ao mesmo tempo, essa fase pode vir acompanhada de inseguranças e medos diante de estímulos novos.
Mesmo cães castrados passam por essas fases, mas com algumas diferenças. A ausência dos hormônios sexuais pode interferir no desenvolvimento de determinadas estruturas do corpo, como a uretra, e em partes do cérebro relacionadas à maturidade.
Alguns estudos indicam que a castração precoce pode deixar o comportamento um pouco mais infantilizado, mas isso não significa que o cachorro não vá testar limites ou desafiar os tutores.
O importante é entender que o comportamento do cão depende de uma combinação entre genética, ambiente e experiências. E que, independentemente da castração, a educação contínua é fundamental.
Um dos maiores erros que os tutores cometem na adolescência canina é relaxar nos limites e nos reforços. Quando o cão era filhote, obedecia com facilidade. Agora parece mais teimoso, e aí o tutor desiste. Isso pode fazer com que o cão aprenda estratégias ruins, como usar a agressividade para conseguir o que quer. Por exemplo, rosnar para evitar ser tirado do sofá.
O ideal é continuar com a educação, manter os combinados e reforçar os bons comportamentos. Uma ferramenta muito útil nessa fase é o uso de guias longas, especialmente em ambientes abertos, como parques. Elas permitem que o cão tenha certa liberdade, mas ainda dentro dos limites definidos pelo tutor.
Com isso, o tutor consegue evitar fugas e corrigir comportamentos indesejados de forma mais eficaz. Outra dica importante é não reforçar a desobediência. Se o cão não quiser sentar quando você pedir, espere um pouco e tente novamente depois. Não ceda oferecendo o petisco mesmo assim, ele precisa entender que obedecer é o caminho para conseguir o que quer.
É muito mais fácil ensinar um filhote do que reeducar um adolescente. Os filhotes são mais receptivos, querem agradar, têm mais foco no tutor e menos interesse em se afastar. Aproveitar essa fase inicial para ensinar comandos básicos, limites e boas práticas facilita todo o processo de convivência no futuro.
Mas, mesmo que o tutor tenha perdido o timing, ainda dá tempo de educar. Os cães estão sempre aprendendo. Como eu costumo dizer, ou você ensina, ou eles aprendem sozinhos. E nem sempre o que aprendem sozinhos é o que você gostaria.
Alguns cães parecem viver uma adolescência eterna, como era o caso da minha querida Estopinha. Ela estava sempre testando limites, cheia de personalidade. Já o Barthô, por outro lado, tinha aquele jeitinho de filhote obediente a vida inteira.
É por isso que, mesmo com todas as dicas e técnicas, é importante olhar para o seu pet como um indivíduo. Ajustes no manejo e muita paciência fazem toda a diferença.
O mais importante é lembrar que, com informação, consistência e afeto, dá para atravessar qualquer fase com mais leveza e parceria. Inclusive a tão temida adolescência canina.
Se você tem um filhote em casa ou um adolescente canino te dando trabalho, não precisa passar por isso sozinho. Tenho cursos completos de educação de filhotes, com passo a passo para aproveitar ao máximo essa relação.
E caso precise de uma ajuda mais personalizada, a Cão Cidadão está pronta para ajudar com orientação e adestramento feito por profissionais capacitados.
Educar é investir no bem-estar do seu pet e na harmonia da sua casa, seja qual for a fase de vida dele.
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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha e Barthô (in memoriam), Bruno e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.
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