Por Alexandre Rossi – Dr Pet
Quando a gente fala em alimentação de pets, logo surgem dúvidas e opiniões bem diferentes. Tem quem defenda a dieta crua, quem prefira cozinhar em casa, quem confie nas rações industrializadas… E a verdade é que todas essas opções podem ser válidas. Mas também podem trazer riscos, se não forem bem planejadas.
Por isso, o mais importante não é escolher o “melhor tipo” de alimentação em termos absolutos, e sim entender qual é a melhor para o seu pet, na sua rotina, levando em conta as necessidades nutricionais e os cuidados específicos de cada tipo.
Vamos dar uma olhada mais profunda nos principais grupos alimentares disponíveis atualmente para cães e gatos, com suas vantagens e desvantagens?
A alimentação crua costuma ser baseada na ideia de oferecer ao cão algo mais próximo do que ele comeria na natureza, como carne crua, ossos crus, vísceras, e às vezes até vegetais.
Ela tem sim seus benefícios: os nutrientes estão mais preservados, já que não passam por cozimento ou processamento, e pode ser mais fácil alcançar certos perfis nutricionais com menor uso de suplementos. Mas também tem muitos pontos de atenção.
Um dos principais riscos é a contaminação por bactérias, como Salmonella, E. coli e Listeria. Essas bactérias podem causar infecções sérias, tanto no pet quanto nos humanos da casa, especialmente em crianças, idosos ou pessoas imunossuprimidas. Além disso, quando os animais consomem carnes contaminadas com bactérias resistentes a antibióticos, podemos ter problemas de saúde pública ainda maiores.
Tem também a questão dos ossos crus. Eles são mais seguros do que os ossos cozidos, mas ainda assim oferecem riscos de perfuração do trato digestivo, especialmente se não forem do tipo e tamanho adequados. Algumas raças, como os braquicefálicos, também têm maior dificuldade de mastigar corretamente e estão mais propensas a engasgos ou fraturas dentárias.
E claro, o balanceamento nutricional precisa ser feito com acompanhamento profissional. A falta de um único nutriente pode causar problemas sérios a médio e longo prazo.
A comida caseira cozida pode parecer uma opção “afetiva”, porque muita gente associa a ideia de cozinhar para o pet ao cuidado e carinho. E de fato, é possível oferecer uma dieta cozida balanceada e segura. Mas ela precisa ser orientada por um profissional capacitado, como um médico veterinário nutrólogo ou um zootecnista especializado em nutrição de pets.
Isso porque é muito difícil atingir os níveis adequados de todos os nutrientes apenas com os ingredientes de casa. Geralmente, é necessário adicionar um pré-mix de vitaminas e minerais, além de suplementos específicos como óleo de peixe ou aminoácidos.
Outro ponto é que a dieta caseira, por não conter ossos (já que os ossos cozidos são perigosos), não ajuda na prevenção de tártaro. Com isso, a saúde bucal pode exigir mais atenção.
Mesmo com todos os cuidados, é comum que os responsáveis deixem de seguir a prescrição ao longo do tempo. E aí o que começa como uma alimentação bem formulada pode se tornar deficiente e trazer prejuízos à saúde do pet.
As rações úmidas, como as de sachê ou lata, têm vantagens importantes. A alta umidade ajuda a manter o pet hidratado, o que é ótimo para animais que não bebem muita água. Elas também podem reduzir o risco de torção gástrica, uma condição grave mais comum quando o pet consome grandes volumes de ração seca.
Por já virem prontas e balanceadas, são uma opção segura, desde que sejam de boa qualidade. O problema é que estragam rápido depois de abertas. Não dá pra deixar no pote por horas, nem usar em brinquedos de enriquecimento que vão ficar à disposição o dia todo.
A ração seca ainda é a opção mais usada entre os responsáveis por pets. Ela é prática, fácil de armazenar, rende bastante, e permite o uso em brinquedos de enriquecimento ambiental sem bagunça. Além disso, a ração seca ajuda na limpeza mecânica dos dentes, o que pode reduzir o acúmulo de tártaro.
As principais desvantagens estão relacionadas à palatabilidade (alguns cães não gostam tanto) e à qualidade dos ingredientes, que varia muito entre marcas. Algumas rações usam excesso de carboidratos ou ingredientes pouco nutritivos.
É fundamental escolher uma ração de boa qualidade, própria para a espécie e fase da vida do animal. E armazenar corretamente, evitando exposição ao calor, luz direta e umidade, para prevenir a oxidação de gorduras e o aparecimento de fungos.
Uma opção que eu, particularmente, gosto bastante é o mix feeding, que nada mais é do que a combinação entre ração seca e úmida na alimentação do pet. Essa estratégia pode trazer o melhor dos dois mundos: os benefícios da ração seca, como ajuda na prevenção de tártaro, praticidade no dia a dia e uso em treinos como recompensa; e os benefícios da úmida, como maior palatabilidade e a possibilidade de uso em brinquedos recheáveis para lamber.
O mix feeding pode ser feito misturando as duas texturas na mesma refeição ou alternando ao longo do dia. O importante é que a quantidade total de alimento seja ajustada para não ultrapassar o necessário e evitar ganho de peso. Além disso, a parte úmida não deve ficar disponível por muito tempo depois de servida.
Os gatos são carnívoros estritos. Precisam de uma dieta rica em proteínas de origem animal e de nutrientes como a taurina, que é essencial para a visão, o coração e o sistema nervoso, e que, se faltar, pode trazer consequências graves.
Além disso, eles são bem seletivos e resistentes a mudanças de alimentação. A transição de dieta precisa ser ainda mais lenta, com pequenas quantidades misturadas ao alimento anterior.
Os cães são mais flexíveis, pois conseguem digerir uma variedade maior de ingredientes e costumam aceitar alimentos novos com mais facilidade. Mesmo assim, é importante fazer qualquer mudança de forma gradual, para evitar diarreia ou outros desconfortos digestivos.
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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha e Barthô (in memoriam), Bruno e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.
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