Por Alexandre Rossi – Dr Pet
Muita gente pensa nos animais de estimação como uma responsabilidade. E, de fato, é: a gente precisa cuidar, dar atenção, alimentar, levar ao veterinário, manter o ambiente limpo e seguro. Mas o que às vezes passa despercebido são os benefícios de ter um pet e tudo o que eles fazem por nós.
Sim, os animais também cuidam da gente. E mais do que isso: eles podem melhorar nossa saúde, nossa vida social e até nossa forma de amar. Confira, a seguir, as principais vantagens desse tipo de relação.
Se a gente for pensar friamente nos custos de ter um cachorro ou um gato, é fácil cair na conta de ração, vacina, banho, veterinário… Mas e se eu te perguntar: quanto você economiza com academia, terapia ou remédios por causa do seu pet?
Parece exagero, mas tem estudo sobre isso. Pesquisadores australianos analisaram o impacto financeiro positivo da convivência com animais e mostraram que o governo economiza bilhões por ano em saúde pública graças aos pets.
Isso porque responsáveis por cães e gatos tendem a ter menos problemas físicos e emocionais. Um artigo publicado na revista Australian and New Zealand Journal of Public Health estimou uma economia anual de mais de U$3 bilhões com atendimentos médicos evitados.
Outro exemplo vem da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, que por muito tempo não recomendava dormir com pets. Hoje, eles indicam essa prática para algumas pessoas com insônia, porque perceberam que dormir perto de um animal pode aumentar a sensação de segurança e aconchego e, com isso, melhorar o sono.
Inclusive, do lado dos pets, durante muito tempo, os comportamentalistas também desaconselharam que os pets dormissem com os tutores, com a ideia de que isso poderia aumentar a dependência emocional e prejudicar a autonomia do animal.
Mas hoje a gente tem uma visão mais ampla. Um estudo que eu publiquei em 2021 mostrou que, ao contrário do que se imaginava, cães que dormiam com seus tutores apresentavam menos sinais de ansiedade de separação. Ou seja, o contato próximo durante a noite pode trazer benefícios também para o bem-estar emocional do próprio pet.
Quer saber mais sobre ansiedade de separação e outras formas de controlar a condição? Confira tudo sobre o tema na Petz TV:
Cachorros são grandes aliados de quem precisa quebrar o gelo. Já reparou como é mais fácil puxar assunto com alguém na rua quando se está com um pet? Seja numa praça, na padaria, no elevador ou no parque, o animal vira uma ponte. Você pode nem saber o nome da pessoa, mas com certeza vai saber o nome do cachorro dela — o que é o suficiente para criar laços.
Existe até um nome para isso: facilitador social. Um estudo feito na Universidade de Western Austrália mostrou que pessoas que têm cães são mais propensas a conhecer os vizinhos e a desenvolver redes de apoio no bairro.
Em outro experimento, voluntários tinham que fazer uma apresentação pública, algo naturalmente estressante. A pressão arterial e os níveis de cortisol (hormônio do estresse) foram medidos. E adivinha? Quem levou o próprio cachorro para o evento ficou mais calmo do que quem estava acompanhado do parceiro ou parceira.
Os pets não nos julgam, não reagem às nossas falhas com críticas. Eles simplesmente estão ali, oferecendo afeto. Eu falo isso também pela minha experiência. Quando eu era criança, era extremamente tímido e tive episódios de depressão. E foram os animais que me ajudaram a sair disso. Me deram acolhimento e conexão com o mundo.
Existe um conceito que eu gosto muito de usar, chamado “amor potencial”. É aquele amor que todo ser humano carrega, mas que pode ou não ser expressado ao longo da vida. Quando a gente cuida de um pet e ele passa a viver realmente com a gente, dentro de casa, dormindo no nosso quarto, esse amor aparece.
E quando aparece, transforma. A relação muda. Não é mais “o cachorro da família”, vira “meu bebê”, “filho”. Isso pode parecer exagero, mas tem fundamento. Quando a convivência se estreita, o cérebro ativa as mesmas áreas que envolvem o cuidado com uma criança. A gente se torna mais protetor, mais afetuoso. E isso faz bem.
Mas é claro: mesmo chamando de “filho”, a gente não pode esquecer que o pet é de outra espécie. Mimar com carinho, sim. Ignorar as necessidades naturais dele, não. Ele precisa passear, farejar, brincar, interagir com outros animais. Isso é parte do bem-estar dele — e, por consequência, do nosso também.
Cães e gatos nos ajudam de formas diferentes. Os cachorros, por exemplo, nos empurram para fora de casa. Estimulam caminhadas, encontros, conversas. Já os gatos nos oferecem o aconchego silencioso, o famoso “ronronar”, que já foi estudado e está associado à redução de ansiedade e pressão arterial. É quase uma “terapia vibratória”.
Com os idosos, o impacto dos pets é ainda mais evidente. Em um momento da vida em que amigos vão embora, dores aumentam e a solidão pesa, ter um animal de estimação pode significar voltar a ter propósito, rotina, companhia.
Há estudos que mostram que idosos que convivem com pets usam menos remédios, se exercitam mais, se alimentam melhor e se sentem mais motivados a cuidar de si mesmos. O pet se torna um companheiro e uma responsabilidade saudável, que puxa o tutor para a vida.
Já com as crianças, a presença de um animal pode contribuir para o desenvolvimento da empatia, da inteligência emocional e até do QI. Aprender a cuidar de um ser diferente, que se comunica de outra forma e tem suas próprias necessidades, é uma lição para a vida.
E se esse pet for adotado? Melhor ainda. Não porque quem adota é mais nobre, não se trata de julgamento. Mas porque quando a gente resgata um animal que talvez ninguém mais quisesse, o vínculo que se forma é ainda mais profundo. É como se a gente salvasse um ao outro.
Filhotes de raça costumam ter muitos interessados. Um cão idoso, doente ou “sem pedigree” muitas vezes não tem ninguém. Quando você dá uma chance para esse pet, você não só muda a vida dele. Você se transforma também.
E, se você está atrás de pets para adotar, vale ficar de olho no calendário de eventos de adoção da Petz, que acontecem semanalmente por todo o Brasil.
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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha e Barthô (in memoriam), Bruno e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.
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