Por Alexandre Rossi – Dr Pet
Quem convive com um cachorro filhote sabe o quanto essa fase é intensa. Ele dorme muitas horas, acorda cheio de energia, morde tudo que encontra e parece não ter limites. Para os tutores, pode ser cansativo e até confuso, mas cada detalhe do comportamento tem uma explicação ligada ao desenvolvimento natural do animal.
Mais do que curiosidades, essas informações ajudam a entender que os primeiros meses funcionam como a base para toda a vida do cão. É nessa etapa que ele aprende a se relacionar, a se adaptar ao ambiente e a lidar com situações novas.
Quanto mais o tutor compreende o que está acontecendo, maiores são as chances de criar um adulto equilibrado e saudável. Para entender melhor essa fase, continue lendo.
Ao nascer, os filhotes ainda não enxergam nem ouvem. Os olhos permanecem fechados, mas mesmo assim já recebem estímulos importantes para o desenvolvimento da visão. Eles também não conseguem controlar bem a temperatura do corpo e dependem do calor da mãe e dos irmãos para sobreviver.
Nesse início, ficar sozinho é sinal de perigo. O instinto do filhote é permanecer junto ao grupo, que oferece proteção contra frio e predadores. Por isso, quando ele chega em um novo lar, é natural que estranhe dormir sozinho. Deixar o filhote sentir a presença do tutor, seja próximo da cama ou no mesmo quarto, ajuda a reduzir esse estresse.
Outra característica marcante dessa fase é a barriguinha arredondada. Esse formato ajuda a conservar calor e dá espaço para o sistema digestivo processar os nutrientes que sustentam o crescimento acelerado.
Com o tempo, o corpo vai se transformando. As patinhas ganham força, a boca muda de formato e a barriga vai desaparecendo, dando lugar a um porte mais próximo do adulto.
Assim como os humanos, os cães também têm dentes de leite. A troca acontece por volta dos primeiros meses, mas muitas vezes passa despercebida porque o filhote engole os dentinhos ou eles caem sem que o tutor note.
Essa fase, porém, é sentida pelo cão. O nascimento dos dentes permanentes pode causar incômodo e coceira na boca, o que aumenta a frequência das mordidas. O tutor muitas vezes percebe que o filhote parece ainda mais “mordedor” justamente nesse período.
Além disso, em alguns casos, o dente de leite não cai e o permanente começa a nascer ao lado. Isso pode atrapalhar o alinhamento da boca e exigir ajuda veterinária. Acompanhar esse processo garante que a dentição definitiva cresça saudável.
O sono é outro ponto importante no desenvolvimento. Filhotes podem dormir até 18 horas por dia, mas isso não deve ser motivo de preocupação. É durante o descanso que o corpo se desenvolve e o cérebro organiza as informações aprendidas.
Ainda assim, eles precisam de períodos ativos para brincar, interagir e se alimentar. Respeitar esse equilíbrio é essencial para que o desenvolvimento aconteça de forma saudável.
Por volta dos dois meses, já é possível introduzir novos estímulos de forma gradual. É o momento ideal para começar a acostumar o filhote ao banho, ao secador e ao manuseio do corpo, para que ele encare esses procedimentos com naturalidade no futuro.
Essa também é a fase em que a socialização se torna fundamental. E aqui entra um ponto importante: como o protocolo vacinal ainda não está completo, o tutor precisa equilibrar a exposição com segurança.
O filhote pode ser levado no colo para conhecer lugares movimentados, ouvir barulhos de rua, ver pessoas diferentes e observar outros cães à distância. Quando se trata de contato direto com outros cães, a recomendação é que seja apenas com animais vacinados e de tutores de confiança.
Morder é uma das principais formas do filhote explorar o mundo. É com a boca que ele busca alimento, brinca com os irmãos e interage com o ambiente. Para nós, que temos a pele sensível, isso pode doer, claro.
Mas a solução não é recolher a mão ou brigar com o filhote, ou ainda esperar a mordida para oferecer um brinquedo. O correto é prevenir: disponibilizar brinquedos antes da interação e já se aproximar com eles em mãos.
Assim, o filhote aprende que a boca deve ser usada nos objetos certos, sem precisar “testar” em quem está por perto.
A partir dos seis ou sete meses, muitos cães entram na “adolescência”. E quem já passou por isso sabe: parece que o filhote “esquece” tudo o que aprendeu. Ele começa a desafiar mais, ignora comandos que já fazia bem e busca independência.
Isso não significa que o trabalho feito antes foi perdido. É como se ele estivesse testando o mundo ao redor e também a paciência do tutor. A dica é não desistir: manter rotina, regras consistentes e oferecer atividades para gastar energia. Com firmeza e carinho, o adolescente canino amadurece e volta a mostrar tudo o que já aprendeu.
Todo esse processo fica mais claro quando pensamos em quatro pilares: socialização, incentivo de bons comportamentos, inibição de comportamentos inadequados e ambiente.
Na socialização, o tutor expõe o filhote a diferentes experiências de forma positiva. Nos bons comportamentos, mostra o que é esperado desde cedo. A inibição de comportamentos inadequados ensina limites de forma cuidadosa. E o ambiente, quando bem organizado, evita erros e favorece o aprendizado.
Os primeiros meses são uma janela única de desenvolvimento, então aproveite. Eu criei um curso completo de educação de filhotes, com um passo a passo para você aproveitar ao máximo essa fase. E se quiser um acompanhamento mais personalizado, a equipe da Cão Cidadão pode ajudar com orientação e adestramento.
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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha e Barthô (in memoriam), Bruno e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.
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