Curiosidades

Tudo sobre o sistema digestivo do cachorro

Você conhece o sistema digestivo do cachorro? Em lares nos quais mais de uma pessoa é responsável pelos cuidados com o pet, é comum haver pequenas disputas em torno do que o cão pode comer, se ele pode enjoar ou não das refeições, ou se faz mal comer rápido demais — para ficar apenas em alguns exemplos.

Isso ocorre pois, de certa maneira, desconfiamos de que o sistema digestivo do cachorro seja tanto semelhante quanto muito diferente do nosso, de modo que aquilo que é — ou pensamos ser — bom para a gente pode ou não ser aplicável aos cachorros.

De acordo com a Dra. Ana Rita Carvalho, médica-veterinária especialista em gastroenterologia, o sistema digestivo do cachorro é, sim, muito parecido com o dos seres humanos. 

“A digestão dos cães é levemente diferente, alguns mecanismos e sistemas são discretamente diferentes, mas, no geral, é bastante semelhante”, diz. Isso não quer dizer que as diferenças não sejam relevantes e não devam ser consideradas.

Conheça as partes do sistema digestivo dos cachorros

A principal função do sistema digestivo do cão é receber os alimentos, encarregando-se de remover deles os nutrientes de que o corpo necessita e eliminando os subprodutos desse processo. 

Para isso, os cães contam com um sistema digestivo completo que consiste num longo “tubo” que vai da boca ao ânus, passando por diversos compartimentos especiais. A seguir, explicamos brevemente como funciona a fisiologia do sistema digestivo do cão.

Boca

É o primeiro contato direto do alimento com o organismo e com o sistema digestivo do cachorro. É por meio dela que o pet apreende a comida e começa a quebrá-la em pedaços menores por meio da mastigação. 

Para isso, os cães contam com 28 dentes de leite e 42 dentes permanentes, sendo 12 incisivos, 4 caninos, 16 pré-molares e 10 molares. 

Um aspecto que vale a pena destacar a respeito da mastigação dos cães é que ela não é tão minuciosa quanto a nossa. “Muitos cães só apreendem o alimento e não mastigam, e isso não influencia tanto na digestão deles”, afirma a veterinária. 

“Porém, há casos em que o paciente vomita ou regurgita logo após comer um grande volume de alimento muito rápido. Nessas situações, é recomendado procurar comedouros que auxiliem nisso — os chamados ‘comedouros lentos’ —, ajudando a reduzir a velocidade com que o cão consegue pegar os grãos de ração”, explica a Dra. Ana Rita. 

Outra parte importante do processo, a língua contém papilas gustativas e é fundamental para a deglutição dos alimentos, sendo essencial também para a ingestão hídrica.

Esôfago

Assim como o que representa em nosso organismo, trata-se de um tubo que leva o alimento da boca ao estômago do pet. Essa passagem é facilitada graças, entre outros fatores, à saliva presente na boca, que se mistura aos alimentos.

Estômago

Espécie de compartimento especial de armazenamento, é nessa parte do aparelho digestivo do cachorro que ocorre a chamada digestão ácida, com a ajuda de enzimas responsáveis principalmente pela quebra de proteínas, um dos macronutrientes mais importantes na dieta canina.

Variando de acordo com o porte do pet, o estômago dos cães é considerado grande em relação a seu tamanho. Isso ocorre justamente porque as proteínas levam mais tempo para serem digeridas. 

Para se ter uma ideia, o estômago de cães adultos de pequeno porte pode ter uma capacidade de armazenamento de aproximadamente 0,5 litro. Já um cão de grande porte, como o Mastiff, pode chegar a armazenar até impressionantes 8 litros no compartimento. 

Além disso, a mastigação canina é pouco desenvolvida, exigindo mais tempo no estômago para a quebra de alimentos. Em média, o tempo que o alimento fica no estômago varia de uma hora e meia a quatro horas.

Intestino grosso e delgado

Além de dar continuidade à quebra dos alimentos, é principalmente no intestino do cachorro que ocorre a absorção dos nutrientes. 

Ao longo do trajeto por esse enorme tubo, que pode variar de 3,7 a 13,1 metros, substâncias produzidas pelo fígado e pelo pâncreas se misturam ao bolo alimentar, finalizando a digestão das proteínas, das gorduras e dos carboidratos. 

Já no intestino grosso é onde ocorre a absorção de água e de eletrólitos. Bem mais curto que o intestino delgado, ele tem entre 0,3 e 1 metro de comprimento. Contudo, seu tempo de esvaziamento pode levar até 12 horas.  

Necessidades alimentares diferentes

Apesar das semelhanças no que diz respeito aos órgãos e como funciona o sistema digestivo canino, a especialista em gastroenterologia destaca que os cães têm necessidades alimentares muito distintas das nossas. 

“Eles não conseguem, por exemplo, tirar todas as vitaminas de que precisam para sobreviver apenas da comida (alimentação caseira)”, alerta a veterinária. Por isso, as rações de qualidade são formuladas com suplementos a mais e específicos para a nutrição do cão. 

Em caso de mudança para dieta caseira, é imprescindível conversar com um médico-veterinário especialista para que ele elabore um cardápio e dê orientações sobre preparo e como fazer essa suplementação de maneira adequada.

Como saber se o pet está com um problema no sistema digestivo?

Conforme explica a Dra. Ana Rita, podem acontecer diversas alterações e doenças no sistema digestivo do cachorro. Estas vão desde alterações no processo de absorção até neoplasias. 

“As doenças mais comuns no trato digestório são as doenças inflamatórias e autoimunes. No entanto, os pets também podem apresentar gastrites medicamentosas ou por imprudência alimentar (quando comem o que não devem); diarreias pelas mesmas causas anteriores; constipação; alterações no fígado, no pâncreas, entre outros problemas”, diz. 

Os problemas digestivos têm sintomas que, é claro, variam de quadro para quadro. No entanto, de maneira geral, fique atento aos seguintes sinais de problemas no trato digestório:

  • falta de apetite;
  • vômito;
  • diarreia;
  • constipação (ausência ou redução e ressecamento das fezes);
  • perda de peso;
  • sialorreia (excesso de salivação);
  • náusea.

Em casos de alterações hepáticas (no fígado), o pet também pode manifestar icterícia, isto é, amarelamento da pele e das mucosas. 

Ao observar um ou mais dos sinais clínicos mencionados, procure um médico-veterinário para verificar o sistema digestivo do cachorro. “Não há nenhuma medicação totalmente segura se não temos o diagnóstico do paciente e se não descartamos a existência de doenças graves”, afirma a especialista.

Dicas para manter o sistema digestivo do cachorro saudável

Segundo a Dra. Ana Rita, a melhor maneira de manter o bom funcionamento do sistema digestivo é oferecer um alimento completo de alta qualidade e valor biológico, principalmente se indicado por um veterinário. 

“Cada cão, cada raça, assim como indivíduos de diferentes idades e com características diversas necessitam de um tipo específico de alimento, e somente um especialista poderá indicar a melhor alimentação”, orienta.

Alimentos de consumo humano, tais como pizza, pães e queijos, ainda que nem sempre sejam tóxicos, são potencialmente perigosos para o trato digestivo canino, podendo desencadear vômitos, diarreias e até pancreatite, que, de acordo com a especialista, é um quadro grave que pode inclusive ser fatal. 

Por fim, a veterinária diz que um erro muito comum entre os tutores é promover a troca frequente de ração, a fim de que o pet não “enjoe” de comer sempre a mesma coisa. “Isso pode ser ruim para o trato digestivo, pois a cada mudança na dieta há também uma alteração na microbiota, e isso pode levar a processos inflamatórios a longo prazo”.

Lembrando que check-ups veterinários regulares também são fundamentais para acompanhar o estado geral de saúde do pet e identificar possíveis alterações logo no início. Para mais informações como essa, continue acompanhando o blog da Petz!

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