Adoção de pets: confira dicas para facilitar a adaptação
Publicado em 04 de maio de 2025Tempo de leitura: 6min

Por Alexandre Rossi – Dr Pet
Muita gente me pergunta como, após a adoção de pets, é possível ajudar o animal a se adaptar ao novo lar. E essa é uma pergunta fundamental, ainda mais no momento que a gente está vivendo: os abrigos estão lotados, as ONGs sobrecarregadas e os animais resgatados, muitas vezes, chegam assustados, doentes ou sem nunca terem tido um lar de verdade.
Então, se você decidiu adotar, antes de tudo: parabéns. Você está salvando uma vida — mas também assumindo uma responsabilidade que começa no primeiro minuto em que esse animal pisa na sua casa.
Adotar é um gesto de generosidade que pode mudar o destino de um animal, mas é preciso ter em mente que a adaptação não acontece de forma mágica. O pet pode levar dias, semanas ou até meses para se sentir seguro. Muitos chegam extremamente vulneráveis e precisam de tempo para confiar, reconhecer o ambiente e aprender a viver em família.
Adoção de pets demanda um espaço seguro
Um dos primeiros cuidados deve ser oferecer um ambiente controlado, onde o pet possa se sentir protegido. Em vez de dar acesso à casa inteira, é melhor começar com um espaço limitado e calmo. No caso dos gatos, esse espaço deve incluir caixa de areia, água e comida — cada item em local separado, pois muitos gatos se incomodam com a proximidade entre eles. Já para cães, o ideal é um ambiente com poucos estímulos, onde possam descansar sem interrupções.
Se o animal for cego ou tiver alguma outra deficiência, o cuidado com esse ambiente inicial se torna ainda mais importante. Animais com deficiência sensorial precisam de mais tempo para memorizar o espaço, localizar os objetos e se sentirem seguros. Em geral, o processo é o mesmo que faríamos com qualquer outro pet, apenas respeitando ainda mais o tempo de adaptação.
Introduza os outros animais com calma
Se você já tem outros pets em casa, a socialização deve ser feita gradualmente. Um bom começo é deixar o novo pet separado e, só depois de alguns dias, iniciar os primeiros contatos, de preferência em um ambiente neutro e controlado. Para gatos, uma estratégia segura é usar a caixa de transporte: o novo gato fica dentro dela enquanto os outros observam à distância. Isso permite que eles se reconheçam pelo cheiro e pelo som, sem risco de brigas.
É comum que os animais antigos da casa tentem se aproximar de forma mais invasiva. Quando isso acontecer, vale afastá-los delicadamente e retomar os encontros aos poucos. Em casos extremos, quando um gato, por exemplo, ameaça atacar um recém-chegado cego, pode-se usar um pano como forma de bloqueio. Cobrir o gato que está invadindo o espaço inibe a repetição da aproximação indesejada e ainda protege o outro. Só é preciso cuidado para não assustar ninguém com movimentos bruscos ou vento forte ao jogar o pano.
Antes do carinho, vem a saúde
É natural querer acolher o pet com muito amor, mas a prioridade nos primeiros dias deve ser cuidar da saúde. Muitos animais resgatados chegam com vermes, pulgas, sarnas ou outras doenças. E é importante lembrar que eles também podem transmitir doenças para outros pets e até para humanos.
Se você já tem um cão ou gato em casa, vale checar se as vacinas estão em dia antes de receber o novo integrante. O ideal é que o pet adotado passe por uma avaliação veterinária antes de qualquer interação. É nessa consulta que serão definidas as vacinas mais urgentes — o que nem sempre significa aplicar todas de uma vez. Vacinas múltiplas podem ter eficácia reduzida em animais debilitados, por isso é sempre bom conversar com o veterinário sobre o que deve ser feito primeiro, priorizando as doenças mais graves e mais comuns na região.
Além disso, é fundamental verificar se houve algum contato anterior do pet com morcegos ou outros animais silvestres, principalmente no caso de cães que viveram soltos. A raiva, por exemplo, é uma doença extremamente grave e, quando aparecem os sintomas, não há cura. O mesmo vale para doenças como a leptospirose, transmitida por água contaminada, principalmente se o pet tiver feridas ou pele sensível.
Cuidado com a exposição após a adoção de pets
No entusiasmo de apresentar o novo pet à família e aos amigos, muita gente acaba expondo o animal a estímulos demais. Visitas, passeios, barulhos e movimentações constantes podem gerar um estresse que atrapalha — e muito — a adaptação. O ideal é que os primeiros dias sejam mais calmos, com interações previsíveis e respeitosas. Deixe que o animal se aproxime quando se sentir à vontade, sem forçar contato físico.
Se o pet demonstrar medo, agressividade ou apatia prolongada, vale a pena procurar orientação especializada. Comportamentos como se esconder o tempo todo, lamber excessivamente o corpo ou recusar alimento podem indicar estresse ou até questões clínicas. A adaptação não significa apenas dar um lar, mas também promover bem-estar físico e emocional.
Apoie quem faz a diferença na causa animal
Os abrigos e ONGs que recebem esses animais fazem um trabalho essencial — mas não conseguem atuar sozinhos. Muitos dependem de doações para arcar com consultas veterinárias, exames, medicamentos e alimentação básica. Adotar já é uma forma incrível de ajudar, mas quem não pode adotar também pode colaborar oferecendo lar temporário, doando ração, areia, medicamentos ou mesmo contribuindo financeiramente.
Além disso, quando os abrigos conseguem vacinar e testar os animais antes da adoção, o processo se torna mais seguro para todos — inclusive para outros pets da sua casa e da vizinhança. Um único animal contaminado pode representar risco de surtos, especialmente em regiões com baixa cobertura vacinal. Por isso, apoiar quem faz esse trabalho é também uma forma de proteger a saúde pública.
Se desejar adotar um animal, a Adote Petz conta com eventos de adoção em todo o país. Confira o calendário e descubra o próximo evento mais próximo de você.
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Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha e Barthô (in memoriam), Bruno e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.
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