Dr Pet

Cachorro filhote: entenda os comportamentos e transformações dessa fase

Publicado em 13 de outubro de 2025

Tempo de leitura: 6min

Imagem do Dr. Pet segurando filhotes

Por Alexandre Rossi – Dr Pet 

Quem convive com um cachorro filhote sabe o quanto essa fase é intensa. Ele dorme muitas horas, acorda cheio de energia, morde tudo que encontra e parece não ter limites. Para os tutores, pode ser cansativo e até confuso, mas cada detalhe do comportamento tem uma explicação ligada ao desenvolvimento natural do animal.

Mais do que curiosidades, essas informações ajudam a entender que os primeiros meses funcionam como a base para toda a vida do cão. É nessa etapa que ele aprende a se relacionar, a se adaptar ao ambiente e a lidar com situações novas.

Quanto mais o tutor compreende o que está acontecendo, maiores são as chances de criar um adulto equilibrado e saudável. Para entender melhor essa fase, continue lendo.

Os primeiros dias do cachorro filhote

Ao nascer, os filhotes ainda não enxergam nem ouvem. Os olhos permanecem fechados, mas mesmo assim já recebem estímulos importantes para o desenvolvimento da visão. Eles também não conseguem controlar bem a temperatura do corpo e dependem do calor da mãe e dos irmãos para sobreviver.

Nesse início, ficar sozinho é sinal de perigo. O instinto do filhote é permanecer junto ao grupo, que oferece proteção contra frio e predadores. Por isso, quando ele chega em um novo lar, é natural que estranhe dormir sozinho. Deixar o filhote sentir a presença do tutor, seja próximo da cama ou no mesmo quarto, ajuda a reduzir esse estresse.

Barriga redonda

Outra característica marcante dessa fase é a barriguinha arredondada. Esse formato ajuda a conservar calor e dá espaço para o sistema digestivo processar os nutrientes que sustentam o crescimento acelerado.

Com o tempo, o corpo vai se transformando. As patinhas ganham força, a boca muda de formato e a barriga vai desaparecendo, dando lugar a um porte mais próximo do adulto.

Dentes de leite do cachorro

Assim como os humanos, os cães também têm dentes de leite. A troca acontece por volta dos primeiros meses, mas muitas vezes passa despercebida porque o filhote engole os dentinhos ou eles caem sem que o tutor note.

Essa fase, porém, é sentida pelo cão. O nascimento dos dentes permanentes pode causar incômodo e coceira na boca, o que aumenta a frequência das mordidas. O tutor muitas vezes percebe que o filhote parece ainda mais “mordedor” justamente nesse período.

Além disso, em alguns casos, o dente de leite não cai e o permanente começa a nascer ao lado. Isso pode atrapalhar o alinhamento da boca e exigir ajuda veterinária. Acompanhar esse processo garante que a dentição definitiva cresça saudável.

Imagem do Dr. Pet segurando filhote

Sono é essencial para o filhote

O sono é outro ponto importante no desenvolvimento. Filhotes podem dormir até 18 horas por dia, mas isso não deve ser motivo de preocupação. É durante o descanso que o corpo se desenvolve e o cérebro organiza as informações aprendidas.

Ainda assim, eles precisam de períodos ativos para brincar, interagir e se alimentar. Respeitar esse equilíbrio é essencial para que o desenvolvimento aconteça de forma saudável.

O início da socialização canina

Por volta dos dois meses, já é possível introduzir novos estímulos de forma gradual. É o momento ideal para começar a acostumar o filhote ao banho, ao secador e ao manuseio do corpo, para que ele encare esses procedimentos com naturalidade no futuro.

Essa também é a fase em que a socialização se torna fundamental. E aqui entra um ponto importante: como o protocolo vacinal ainda não está completo, o tutor precisa equilibrar a exposição com segurança.

O filhote pode ser levado no colo para conhecer lugares movimentados, ouvir barulhos de rua, ver pessoas diferentes e observar outros cães à distância. Quando se trata de contato direto com outros cães, a recomendação é que seja apenas com animais vacinados e de tutores de confiança.

As famosas “mordididinhas”

Morder é uma das principais formas do filhote explorar o mundo. É com a boca que ele busca alimento, brinca com os irmãos e interage com o ambiente. Para nós, que temos a pele sensível, isso pode doer, claro.

Mas a solução não é recolher a mão ou brigar com o filhote, ou ainda esperar a mordida para oferecer um brinquedo. O correto é prevenir: disponibilizar brinquedos antes da interação e já se aproximar com eles em mãos.

Assim, o filhote aprende que a boca deve ser usada nos objetos certos, sem precisar “testar” em quem está por perto.

Adolescência: a fase dos desafios

A partir dos seis ou sete meses, muitos cães entram na “adolescência”. E quem já passou por isso sabe: parece que o filhote “esquece” tudo o que aprendeu. Ele começa a desafiar mais, ignora comandos que já fazia bem e busca independência.

Isso não significa que o trabalho feito antes foi perdido. É como se ele estivesse testando o mundo ao redor e também a paciência do tutor. A dica é não desistir: manter rotina, regras consistentes e oferecer atividades para gastar energia. Com firmeza e carinho, o adolescente canino amadurece e volta a mostrar tudo o que já aprendeu.

Quatro pilares para educar desde cedo

Todo esse processo fica mais claro quando pensamos em quatro pilares: socialização, incentivo de bons comportamentos, inibição de comportamentos inadequados e ambiente.

Na socialização, o tutor expõe o filhote a diferentes experiências de forma positiva. Nos bons comportamentos, mostra o que é esperado desde cedo. A inibição de comportamentos inadequados ensina limites de forma cuidadosa. E o ambiente, quando bem organizado, evita erros e favorece o aprendizado.

Os primeiros meses são uma janela única de desenvolvimento, então aproveite. Eu criei um curso completo de educação de filhotes, com um passo a passo para você aproveitar ao máximo essa fase. E se quiser um acompanhamento mais personalizado, a equipe da Cão Cidadão pode ajudar com orientação e adestramento.

_________________________________________

Alexandre Rossi, conhecido como Dr Pet, é especialista em comportamento animal, zootecnista e médico-veterinário. Junto de seus pets, Estopinha e Barthô (in memoriam), Bruno e a gatinha Miah, ele é a maior referência no assunto do Brasil, divulgando seu conhecimento em estudos científicos, cursos on-line, programas de TV e redes sociais.

Petz

Aqui você encontra tudo sobre o mundo animal e fica por dentro dos cuidados essenciais com o seu pet.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais no blog